Há exatos dois anos, o Ceará registrava a primeira morte pela covid-19. José Maria Dutra, de 72 anos, faleceu dez dias após apresentar os primeiros sintomas da infecção — à época, ainda quase totalmente desconhecida. Ainda hoje, apesar de a situação ser considerada menos grave ainda morre cerca de 300 pessoas por dia, em média, no Brasil.
De lá para cá, 26.696 morreram vítimas da doença no Estado, segundo balanço do IntegraSUS, plataforma da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa).
“A morte anônima não nos toca muito, mas a morte próxima nos remete diretamente à nossa própria finitude, ela nos atinge emocionalmente”, relaciona Gustavo Moura, professor do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Ceará (UFC) e coordenador do programa Centro de Orientação Sobre a Morte e o Ser (Cosmos).
Segundo o pesquisador, “vivemos um tempo de luto coletivo”. As mortes foram inesperadas em parcela considerável dos casos. Ele destaca que não foi possível, para a grande maioria das pessoas, “a despedida e a participação nos ritos funerários, que possibilitariam dar concretude àquela perda” como é costume.
“As pessoas se despedem na porta do hospital e recebem, depois, a notícia do falecimento, sem poder ter dito nada ao ente querido e sem poder sequer participar do funeral. Deixa um vazio, que, para alguns, dificulta a realização da perda”, detalhou em reportagem ao o povo.
Apenas no município de Aracati, foram registrados 178 óbitos pela covid-19, desde o inicio da pandemia. Já na 7ª região de saúde que compreende os municípios de Aracati,Fortim,Itaiçaba e Icapui, foram registrados 277 óbitos.
Por Sidney Sena