É o valor da comida que faz a população notar que a economia vai mal ou bem. Quanto mais caros os produtos, pior a situação. Entre janeiro de 2020 e agosto de 2021, essa percepção chegou a todas as classes e apenou, especialmente, os mais carentes. Itens básicos tiveram os preços elevados em poucos meses e fizeram da alimentação uma tarefa desafiadora para o cearense.
Nos primeiros mil dias do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), três dos principais indicadores econômicos, são eles: valor da cesta básica, o salário ideal e as horas trabalhadas necessárias para adquirir produtos da cesta, atingiram os piores cenários quando comparamos os primeiros 1000 dias de cada ex-presidente, desde a gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 1994.
Enquanto FHC reduziu, em 1000 dias, 28% do tempo de trabalho necessário para se comprar uma cesta básica e Lula reduziu 33%, Bolsonaro incrementou em 26% esse indicador, fazendo com que o fortalezense, por exemplo, passasse de 89h04min para 112h34min para adquirir uma cesta básica completa (R$ 562,82).
O levantamento O POVO teve como base, os dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) , e analisou os primeiros mil dias de governo de cada presidente, desde FHC, e como afetaram a vida do Fortalezense. Foi calculada a variação percentual, entre o início e os primeiros mil dias de cada governante, dos seguintes indicadores: número de cestas básicas que se pode comprar com um salário mínimo, quantidade de horas de trabalho necessárias para se comprar uma cesta básica e proporção entre o salário mínimo e ideal.
Para se ter uma ideia, a gestão Bolsonarista conseguiu elevar o valor da cesta básica do fortalezense em 39%, ao mesmo tempo que acabou reduzindo em 21% o número de cestas que se pode comprar com o salário mínimo. A distância entre o rendimento mínimo e o salário necessário (ou ideal) ficou ainda maior, 40% maior, em 1000 dias.
De FHC até agora, a série histórica das horas trabalhadas atesta apenas mais um caso de aumento da carga após mil dias e é exatamente no segundo mandato de Lula. Porém, esse acréscimo é de apenas 1,28%. No fim das contas, hoje, comer ficou mais caro nas duas pontas: tanto é preciso gastar mais quanto é preciso trabalhar mais.